Documento destina áreas a Pontal
No último dia 9 de agosto, o prefeito de Pontal, Frederico Venturelli, e a dirigente da Casa da Cultura, Adriana Cardoso, participaram de assinatura de convênio junto à Superintendência do Patrimônio da União que concede imóveis da antiga estação ferroviária da Fepasa para o município. Com o documento, que equivale a uma escritura pública, aceito por todos os ministérios do Governo Federal para a liberação de recursos, ficam destinados a Pontal cerca 45 mil metros quadrados de área, que correspondem quase à totalidade das terras no entorno do antigo prédio da Fepasa e à área conhecida como “triângulo”, entre a rua Vicente Vena e a Cohab José Pedro Carolo.
Em maio do ano passado, a prefeitura havia organizado uma cerimônia na sede do Lions Club para anunciar a doação de 14 mil metros quadrados ao município, mas, de lá pra cá, outras áreas foram solicitadas e concedidas pela União. Outras duas porções de terreno localizadas no entorno do prédio da estação ainda não foram doadas porque estão com pendências judiciais. São áreas nas quais o município tem dívidas referentes a desapropriações feitas a partir de 1980. Para esses casos, a dirigente da Secretaria da Cultura, Adriana Cardoso, busca o perdão dos débitos para que essas áreas passem também a pertencer ao município.
Pontal é a 66ª cidade do país a receber a doação de áreas da extinta Rede Ferroviária Federal. Mas terá, obrigatoriamente, de acordo com o documento assinado em 9 de agosto, que usar as áreas doadas para a implantação de projetos pré-definidos. Nas áreas do entorno do prédio da antiga Fepasa, a prefeitura pretende implantar projetos culturais. Estão previstos um museu interativo, um auditório cine-teatro, ciclovia e área de entretenimento, que formariam um complexo chamado de “Museu Histórico Cultural Paulista”. Para isso, o município já conta com uma emenda parlamentar no valor de R$ 300 mil do deputado Rafael Silva, solicitada pela vereadora Ângela Maria Murad Pinton. O restante dos recursos poderá, segundo a prefeitura, ser buscado a partir de agora, com o documento assinado em mãos. O projeto para a implantação do Museu Histórico já está sendo elaborado e deverá ser divulgado em breve.
Paralelamente ao projeto, a prefeitura busca trazer o Trem da Cana para Pontal, que consistirá num passeio turístico que, inicialmente, ligaria Sertãozinho ao Engenho Central, localizado na Fazenda Vassoural, em área pertencente a Pontal. Com apoio da prefeitura de Sertãozinho, os responsáveis pelo Trem da Cana pensam em mudar o roteiro, atendendo a pedido do prefeito Frederico Venturelli, para que o passeio chegue até a antiga estação ferroviária de Pontal. Em última entrevista ao Enfoque, Venturelli afirmou que o plano é que o passeio faça uma parada na estação, para que as pessoas conheçam a história do local. Enquanto isso, a maria-fumaça faria um retorno próximo à Cohab José Pedro Carolo e pararia, novamente, na estação, para que os passageiros retomem o passeio.
Há pelo menos dez anos a antiga estação ferroviária sofre com o abandono. O prédio, com problemas estuturais, estava coberto de mata e entulho até pouco tempo atrás, quando a prefeitura começou um processo de limpeza. As janelas foram bloqueadas para evitar a invasão de usuários de drogas. O mato foi aparado e o local ganhou alguns refletores. Mas a iluminação é, frequentemente, alvo de vândalos que transitam por ali. As lâmpadas são quebradas e precisam ser trocadas. Prefeitos anteriores haviam prometido transformar o corredor por onde passam os trilhos ferroviários em uma avenida, mas a promessa nunca saiu do papel.
Casas populares
Outra área doada pela União ao município é a conhecida como “triângulo”, localizada entre a rua Vicente Vena e a Cohab José Pedro Carolo. Ali, a prefeitura pretende implantar casas populares, num total de 200 unidades, que dependem ainda de liberação do CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano), ligado ao Governo do Estado. Como a liberação é burocrática, o prefeito Frederico Venturelli afirma que não pretende construir os imóveis no local agora. A área será destinada às casas mais futuramente.
Enquanto isso, a prefeitura busca agilizar os procedimentos para erguer as 200 primeiras casas, já aprovadas pelo CDHU, em outra área: no Residencial Maria Joana, em frente à Rua José Russo e no final da José Leonel Pupo, conforme antecipado pelo Enfoque na edição de agosto. De acordo com o prefeito, o processo já está em fase adiantada.
Pontal nasceu às margens da linha
Recuperar a antiga estação ferroviária de Pontal é dar atenção ao ponto em que praticamente nasceu o município. Em 1903, quatro anos antes da fundação oficial de Pontal, a linha férrea já era o ponto de partida e chegada de muitos trabalhadores. O antigo prédio, que passou a pertencer, em 1971, à Fepasa – que acabava de surgir e pôs fim a um contrato de comodato entre as companhias Paulista e Mogiana –, manteve suas operações até o final da década de 80, quando o programa de concessões de ramais ferroviários a empresas privadas acabou provocando o abandono do ramal.
Uma das curiosidades relacionadas à história das ferrovias na região é que, em 1906, a linha foi estendida até a Fazenda Vassoural, que, sob o comando de Francisco Schmidt, considerado o maior produtor mundial de café, estava montando o primeiro engenho de açúcar do Estado de São Paulo. Hoje, a fazenda pertence à família Biagi e mantém o engenho de pé. Em 2008, foi iniciada a restauração das antigas instalações por meio da Lei Rouanet, que promove incentivos fiscais para iniciativas de caráter cultural. Mas, atualmente, a reforma está parada à espera de recursos.
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O prefeito de Pontal, Frederico Venturelli, recebeu a reportagem do Enfoque em seu gabinete, no último dia 6 de janeiro, e, numa conversa de três horas, afirmou que a duplicação da Rodovia Maurílio Biagi deve ser uma das prioridades do Governo do Estado para este ano e que tem reunião marcada em São Paulo para discutir a questão com a administração Alckmin. Disse, ainda, que pretende disponibilizar os lotes do Distrito Empresarial para venda e assinar convênio para a construção de 200 casas populares ainda neste semestre. Também comentou questões delicadas, como o relacionamento com o vice-prefeito, Fabiano Bazan, e a comunidade no Orkut que foi criada para criticar seu mandato.
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