Tren da Cana tem 90% de chances
Pontal tem 90% de chances de receber o Trem da Cana, empreendimento que, numa primeira etapa, irá ligar o município de Sertãozinho às instalações do antigo Engenho Central, na Fazenda Vassoural, pertencente a Pontal. Os esforços são, agora, no sentido de trazer o passeio até o prédio da Fepasa, abandonado em pleno centro da cidade. Segundo Adriana Cardoso, diretora da Casa da Cultura de Pontal e do Centro Histórico Cultural Fepasa, e Márcio Aparecido Lopes, diretor-executivo da AMAP (Associação Museus e Artes Pontal), faltam pequenos detalhes para que o passeio do Trem da Cana se estenda, num segundo momento, da Fazenda Vassoural até o perímetro urbano de Pontal. “Podemos dizer que há 90% de chances de que o trem chegue aqui”, afirmou Márcio.
O trabalho para trazer o passeio turístico a Pontal envolve a prefeitura, a FCA (Ferrovia Centro-Atlântica), responsável pela parte operacional das estações ferroviárias da região, a AMPF (Associação Mogiana de Preservação Ferroviária), uma entidade que trabalha para dar destinação cultural aos ramais férreos, a AMAP (Associação Museus e Artes Pontal), presidida por Maria Tereza dos Reis dos Santos, e a Prefeitura de Sertãozinho, que conseguiu sucesso na primeira etapa do empreendimento e, atualmente, colabora para que Pontal receba a continuação do projeto.
Em dezembro do ano passado, o secretário de Indústria e Comércio de Sertãozinho, Marcelo Pellegrini, afirmou, com exclusividade ao Enfoque, durante o lançamento da AEV (Associação de Equoterapia Vassoural), na sede da própria fazenda, que Sertãozinho estava preocupada em contribuir para o desenvolvimento de Pontal e, por isso, iria apoiar as reivindicações de trazer o Trem da Cana para cá, além de cobrar do Governo Estadual a duplicação da pista Maurílio Biagi, que liga os dois municípios, e apoiar o desenvolvimento de um distrito industrial pontalense.
O Enfoque apurou que um projeto arquitetônico para revitalizar o antigo pátio da Fepasa está em discussão, mas sua implantação depende, ainda, de recursos financeiros, sem previsão de liberação. A transformação do antigo prédio em espaço cultural e da área do entorno num espaço de lazer e recreação seria uma solução para dar fim aos problemas decorrentes do abandono da Fepasa, que, há pelo menos dez anos, tem promessas de revitalização dos prefeitos, mas ainda não saiu do papel.
Em maio de 2010, a prefeitura anunciou, em solenidade na sede do Lions Club, que recebeu da União a doação de 14 mil metros quadrados de área no terreno da antiga Fepasa – áreas não operacionais são de responsabilidade da inventariança do Governo Federal – e, com isso, a implantação de projetos culturais na área seria facilitada. De lá pra cá, o terreno passou por uma limpeza geral e as janelas do prédio foram tapadas com blocos para impedir a ação de usuários de drogas que agiam no local. Construções sem autorização que estavam surgindo nas proximidades também foram removidas, apesar de ainda haver pendências com outras moradias que ocuparam áreas da antiga Fepasa também cedidas ao município pela União, para as quais ainda não há uma medida concreta a ser adotada.
Para que o Trem da Cana chegue ao perímetro urbano de Pontal, de acordo com Adriana Cardoso, o município não teria custos diretos com o projeto. Precisaria, apenas, garantir contrapartidas, como a manutenção da limpeza da área, disponibilização de máquinas e caminhões para a remoção de lixo e entulho e as reformas que se fizerem necessárias.
A primeira etapa do passeio do Trem da Cana, entre Sertãozinho e a Fazenda Vassoural, tem previsão de entrar em funcionamento em breve, ainda neste primeiro semestre de 2011. Quem fizer o passeio poderá conhecer um pouco da rota do plantio de cana-de-açúcar nessa região e as instalações preservadas do antigo Engenho Central, inaugurado por Francisco Schmidt, imigrante alemão que ficou conhecido no Brasil com Rei do Café, por causa das extensas plantações do grão em Ribeirão Preto, mas que foi pioneiro, também, na indústria da cana.
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As 200 moradias populares liberadas pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) para serem construídas em Pontal não ficarão mais localizadas em terreno entre os trilhos ferroviários e a Cohab José Pedro Carolo, conforme havia informado o prefeito Frederico Venturelli em abril deste ano. As unidades, que seriam erguidas na área conhecida com triângulo, serão construídas agora em terreno localizado ao lado do estádio municipal Prof. Luiz dos Reis.
A previsão é que as casas comecem a ser feitas em setembro ou, no máximo, outubro, de acordo com o prefeito. Ele explica que, como as unidades habitacionais já estão liberadas, a prefeitura decidiu alterar os planos. A área do triângulo ainda depende de formalização de doação da União para o município. A prefeitura esperava que esse procedimento levasse pouco tempo, mas, como a autorização ainda não saiu, foi preciso escolher, rapidamente, uma outra área. O terreno que irá receber as casas fica do lado do estádio municipal, às margens da Maurílio Biagi, pista que liga Pontal a Sertãozinho. Estava destinado, inicialmente, a receber um parque permanente de eventos, mas, como será ocupado pelas casas, a proposta, segundo o prefeito, é que seja viabilizado um novo espaço para a construção da área para festas.
Questionado sobre o destino do triângulo, Frederico declara que ainda está nos planos usar o local para moradias populares. “Acredito que vamos conseguir mais casas futuramente. Se isso acontecer, usaremos o espaço do triângulo também para a construção de moradias”. O prefeito está na expectativa de que haja um acréscimo já na liberação da verba para as 200 casas. “Como o terreno ao lado do campo comporta um 40% a mais que o previsto, temos a esperança de que sejam autorizadas 280 casas”.
A construção de moradias populares é uma reivindicação de anos da população, que enfrenta déficit habitacional. Quase não existem residências à venda ou para alugar no município, o que abre espaço para a especulação. A ausência de moradias foi um dos carros-chefes da última disputa à prefeitura, bastante explorado pelo candidato eleito, Frederico Venturelli, pelo fato de, nos dois mandatos do seu antecessor, Antônio Luiz Garnica, Pontal não ter recebido nenhuma unidade habitacional.
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No último dia 9 de agosto, o prefeito de Pontal, Frederico Venturelli, e a dirigente da Casa da Cultura, Adriana Cardoso, participaram de assinatura de convênio junto à Superintendência do Patrimônio da União que concede imóveis da antiga estação ferroviária da Fepasa para o município. Com o documento, que equivale a uma escritura pública, aceito por todos os ministérios do Governo Federal para a liberação de recursos, ficam destinados a Pontal cerca 45 mil metros quadrados de área, que correspondem quase à totalidade das terras no entorno do antigo prédio da Fepasa e à área conhecida como “triângulo”, entre a rua Vicente Vena e a Cohab José Pedro Carolo.
Em maio do ano passado, a prefeitura havia organizado uma cerimônia na sede do Lions Club para anunciar a doação de 14 mil metros quadrados ao município, mas, de lá pra cá, outras áreas foram solicitadas e concedidas pela União. Outras duas porções de terreno localizadas no entorno do prédio da estação ainda não foram doadas porque estão com pendências judiciais. São áreas nas quais o município tem dívidas referentes a desapropriações feitas a partir de 1980. Para esses casos, a dirigente da Secretaria da Cultura, Adriana Cardoso, busca o perdão dos débitos para que essas áreas passem também a pertencer ao município.
Pontal é a 66ª cidade do país a receber a doação de áreas da extinta Rede Ferroviária Federal. Mas terá, obrigatoriamente, de acordo com o documento assinado em 9 de agosto, que usar as áreas doadas para a implantação de projetos pré-definidos. Nas áreas do entorno do prédio da antiga Fepasa, a prefeitura pretende implantar projetos culturais. Estão previstos um museu interativo, um auditório cine-teatro, ciclovia e área de entretenimento, que formariam um complexo chamado de “Museu Histórico Cultural Paulista”. Para isso, o município já conta com uma emenda parlamentar no valor de R$ 300 mil do deputado Rafael Silva, solicitada pela vereadora Ângela Maria Murad Pinton. O restante dos recursos poderá, segundo a prefeitura, ser buscado a partir de agora, com o documento assinado em mãos. O projeto para a implantação do Museu Histórico já está sendo elaborado e deverá ser divulgado em breve.
Paralelamente ao projeto, a prefeitura busca trazer o Trem da Cana para Pontal, que consistirá num passeio turístico que, inicialmente, ligaria Sertãozinho ao Engenho Central, localizado na Fazenda Vassoural, em área pertencente a Pontal. Com apoio da prefeitura de Sertãozinho, os responsáveis pelo Trem da Cana pensam em mudar o roteiro, atendendo a pedido do prefeito Frederico Venturelli, para que o passeio chegue até a antiga estação ferroviária de Pontal. Em última entrevista ao Enfoque, Venturelli afirmou que o plano é que o passeio faça uma parada na estação, para que as pessoas conheçam a história do local. Enquanto isso, a maria-fumaça faria um retorno próximo à Cohab José Pedro Carolo e pararia, novamente, na estação, para que os passageiros retomem o passeio.
Há pelo menos dez anos a antiga estação ferroviária sofre com o abandono. O prédio, com problemas estuturais, estava coberto de mata e entulho até pouco tempo atrás, quando a prefeitura começou um processo de limpeza. As janelas foram bloqueadas para evitar a invasão de usuários de drogas. O mato foi aparado e o local ganhou alguns refletores. Mas a iluminação é, frequentemente, alvo de vândalos que transitam por ali. As lâmpadas são quebradas e precisam ser trocadas. Prefeitos anteriores haviam prometido transformar o corredor por onde passam os trilhos ferroviários em uma avenida, mas a promessa nunca saiu do papel.
Casas populares
Outra área doada pela União ao município é a conhecida como “triângulo”, localizada entre a rua Vicente Vena e a Cohab José Pedro Carolo. Ali, a prefeitura pretende implantar casas populares, num total de 200 unidades, que dependem ainda de liberação do CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano), ligado ao Governo do Estado. Como a liberação é burocrática, o prefeito Frederico Venturelli afirma que não pretende construir os imóveis no local agora. A área será destinada às casas mais futuramente.
Enquanto isso, a prefeitura busca agilizar os procedimentos para erguer as 200 primeiras casas, já aprovadas pelo CDHU, em outra área: no Residencial Maria Joana, em frente à Rua José Russo e no final da José Leonel Pupo, conforme antecipado pelo Enfoque na edição de agosto. De acordo com o prefeito, o processo já está em fase adiantada.
Pontal nasceu às margens da linha
Recuperar a antiga estação ferroviária de Pontal é dar atenção ao ponto em que praticamente nasceu o município. Em 1903, quatro anos antes da fundação oficial de Pontal, a linha férrea já era o ponto de partida e chegada de muitos trabalhadores. O antigo prédio, que passou a pertencer, em 1971, à Fepasa – que acabava de surgir e pôs fim a um contrato de comodato entre as companhias Paulista e Mogiana –, manteve suas operações até o final da década de 80, quando o programa de concessões de ramais ferroviários a empresas privadas acabou provocando o abandono do ramal.
Uma das curiosidades relacionadas à história das ferrovias na região é que, em 1906, a linha foi estendida até a Fazenda Vassoural, que, sob o comando de Francisco Schmidt, considerado o maior produtor mundial de café, estava montando o primeiro engenho de açúcar do Estado de São Paulo. Hoje, a fazenda pertence à família Biagi e mantém o engenho de pé. Em 2008, foi iniciada a restauração das antigas instalações por meio da Lei Rouanet, que promove incentivos fiscais para iniciativas de caráter cultural. Mas, atualmente, a reforma está parada à espera de recursos.
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